Não precisamos de apresentações formais assim como eu sei quem você é, igualmente, você me conhece também. Contudo, me sinto na obrigação de me desculpar por todo e qualquer dano que eu tenha te causado.
Estou contigo desde sempre, mesmo depois daquele adeus que não chegou a ser dito. Bem sei o quanto você anseia me esquecer. Às vezes, apenas passava por ti e você me cheirava em outro alguém. Eu aparecia pra você em uma sequência de imagens e te fazia voltar a reviver momentos outrora eternos que tiveram o seu fim precoce, que com tudo isso têm e devem ser esquecidos.
Em cada rosto e em cada sorriso você encontrava o melhor de mim e, desesperadamente, abanava a cabeça para não cair em outra ilusão.
Essa sou eu, sou uma memória não sei se gasta ou simplesmente cansada de ser lembrada.
VEJA TAMBÉM:
Eu e você merecemos acontecer
Não a deixe ir embora
Vou ali ser feliz sem você
Aquele cheiro, sim o teu cheiro agora é confuso pra mim. É como que uma fragrância no meio de tantas outras que já não sou capaz de distinguir. O teu sorriso e o teu olhar, que com tanto carinho eu prezava, encontrei no meio de uma multidão e me tornei indiferente a ambos. Sou como que uma fogueira, você me deixou sem lenha e eu, para restabelecer o equilíbrio natural esperado, apaguei. Afinal de contas não sou apenas uma memória cansada…
E ao contrário do que se diz, acredito que as memórias podem mudar sim, elas mudam consoante a nossa percepção da realidade. Nós as manipulamos de acordo com as nossas emoções. E, muitas vezes, as usei para fazer festinhas ao meu ego.
Você já não é capaz de aquecer meu coração, já não é capaz de me roubar um sorriso, já não choro mais por ti, nem mesmo penso em ti… você nada mais é do que uma mera memória morta.
