Tá uma bagunça aqui!

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A verdade é que tropecei em uma esquina no meio desse caminho incerto e me estilhacei. Agora existem pedaços meus por ai. Por toda parte. E juro, eu tenho procurado todos os dias. Me esforçado para deparar com vestígios de mim. Talvez seja por isso que ando tão ocupada, mesmo sem nada para fazer.

Tô na luta de me reconhecer pela casa, em uma música, num livro novo, na poesia que li hoje a tarde, no filme que vi, no momento sozinha comigo, mas o aguado na boca, e o “tanto faz” nos ombros, insistem em ficar.

A sensação é bem pior do que se sentir angustiada, confusa, perdida. Eu me sinto pequena, menor do que sou, do que fui. Na realidade, eu mal sinto algo dentro de mim. Aqui é tudo cinza, na frente é neblina, e a volta faz muito barulho. Chega a ser ensurdecedor. São vozes cuspindo verdades que eu não conheço, fazendo cobranças que eu não posso suportar, pedindo ajuda sem ao menos saber a minha condição, perguntando como eu estou, sabendo que nem aqui eu estou. E a única saída que eu encontro para lidar com isso é me desligando ainda mais.

Eu poderia tomar uma pílula de entusiasmo agora, só pra não ter que ficar me explicando o tempo todo. Pra conseguir me retomar, e assim, ter paz pra continuar com o sorriso no rosto (mesmo que robótico) e conseguir ticar todas as tarefas no final do dia. Ter respondido todas as mensagens, sem ter faltado com ninguém. Conseguir abraçar o mundo com toda fé e positividade. E assumir as minhas responsabilidades sem o peso de nenhuma culpa. Amar intensamente sem nenhuma insegurança. Ser recíproca o tempo todo. Feliz e sem dúvidas. Com aquela auto – estima de invejar. Mas o problema é que eu não gosto de pílulas.

Eu só preciso que olhem pra mim e me enxerguem como uma bomba que está prestes a explodir, sem me jogar para canto nenhum como se fosse brincar de batata quente. Não tentem achar soluções pros meus problemas, e não me elogiem de forma fútil. Só me abracem quando eu pedir. Não queiram saber meus motivos, porque nem eu mesma sei eles. Nem pensem em tentar me motivar, e apenas afaguem meus cabelos. Não me peçam nada, sem ao menos ter me dado algo. Me beijem a testa e digam que ficará tudo bem.

Ignorem meu mal humor, e me deem espaço para que eu possa rir. Estejam ao meu lado, mesmo que eu não me faça presente sempre. Entendam a minha fase, e que sou/estou uma bagunça interminável. Que oscilarei no mesmo dia. Que mudarei de ideia de 5 em 5 minutos. Que vou preferir muitas vezes apenas deitar em um lugar que palavras não são necessárias com a intenção de somente apreciar o silêncio. E que irei errar muito mais que acertar.

Agora, nesse momento, eu quero alguém que fique, sem que eu precise me esforçar para surpreender, pois necessito exatamente do contrário. Preciso de alguém que escute meu grito, e consiga enxergar a verdade nele sem me julgar. Que entenda que não poderei ser mais do que sou – pelo menos por enquanto – e que se contente com meu as vezes muito, as vezes pouco, outras vezes quase nada. E mesmo assim, me olhe como se eu fosse a coisa mais importante naquele dia.

Então se alguém ai, estiver disposto a isso, pegue a minha mão e me leve para o começo. Mas só se tiver a paciência de recolher os cacos comigo.

Fique Para Um Café

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