Se um dia eu deixar de te falar o que sinto…

Talvez meu silêncio seja tudo o que você quer, pode ser que seja teu alívio, já não sei mais entender o que passa pela tua mente quando você encosta a cabeça no teu travesseiro.

Sim, esse teu travesseiro tão fofo e macio; esse mesmo que você levou pra praia e eu queria roubar pra mim, posso até sentir teu cheiro nele se fechar meus olhos e… Ah, mas não é disso que eu queria falar, era o que eu devia deixar de falar.

Acho que depois de tudo que passamos, depois de todas nossas reviravoltas, seus ouvidos já não aguentam mais meu coração gritando tanto, sempre dizendo mais do que deveria e querendo respostas e mais respostas pra perguntas que talvez nem tenham mais sentido.

Você tem uma mania que me machuca tanto, mas também me intriga. Você insiste em parecer forte o tempo todo, me faz crer que está tudo bem mesmo quando está tudo desmoronando; você não aceita mostrar tuas fraquezas e finge que teu coração não está todo remendado e cheio de feridas como o meu. Mas eu sei que tá, meu amor. Eu vivi tudo com você, do teu lado, senti tudo o que você sentiu, chorei as mesmas lágrimas que você chorou, só nós dois sabemos como foi, e eu sei que esse caos dentro do teu peito é o mesmo que também vive no meu.

Sei que parece que já falei tudo o que deveria, mas quando se trata de você minhas palavras nunca se esgotam, meu coração parece um dicionário sem fim procurando explicação pra toda essa bagunça que a gente criou, e eu juro que to aqui porque eu queria desistir de gastar todo meu vocabulário pra explicar o que, no fundo, você também sente e sabe.

Eu ando aqui desse lado de cá, e juro que to me esforçando pra não te procurar, dizendo pra mim mesma que foi melhor assim, que você tá bem sem mim, e que tudo isso deve ter uma razão, por mais difícil que seja esse fim.

Então, se eu conseguir me manter afastada dessa vez e deixar de te falar o que sinto, só te peço que você se lembre de toda nossa história da melhor forma, de cada detalhe, dos momentos que choramos e rimos, mas, por favor, tenta se lembrar com carinho.

Eu espero que você se lembre, quando fechar teus olhos, do mesmo cheiro que consigo sentir do teu travesseiro. Lembre dos meus gestos quando você me elogiava e eu ficava tão sem graça, da minha fala rouca quando eu dizia que te amava; lembre dos nossos raros momentos de sossego.

Pode lembrar da minha loucura também, faz parte de mim, eu sei, e do meu riso descontrolado; da minha bobeira sem fim que se dava tão bem com a tua.

Você pode até me chamar de louca, mas tua loucura com a minha tinha uma química pra lá de boa. Lembre também como eu gostava de te fazer carinho, e de como eu te olhava, todas às vezes, com meus olhos sorrindo.

Eu sei que nosso sentimento foi recíproco, então, quando pensar em mim, vai saber que o que sinto não precisa mais ser dito, vai lembrar do meu amor ao te abraçar e da minha alegria ao te ver. Também sei que se a gente se encontrasse, você sentiria aquele mesmo frio na barriga que só a gente sabe.

Quero que você entenda, que mesmo que eu não te diga mais nada, você ainda é parte de mim, e não quero ser pra você apenas uma lembrança ruim; só espero que meu silêncio consiga acalmar todo o barulho que nossa história deixou.

Mesmo longe de você, ainda acredito que amores de verdade podem até adormecer no fundo do peito, mas sobrevivem a qualquer distância e ao tempo; quando a ausência é menor que o sentimento, e as lembranças são mais fortes do que a própria presença.

Espero que me desculpe por ter sempre falado demais assim, e me desculpe também, talvez, por esse nosso longo e inacabado fim.

Jéssica Holtz

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