Depois de um tempo compreendi que a saudade é por fim um sentimento bonito e até gostoso de se sentir. Dói o peito, é verdade. Sufoca. Às vezes nos dá a sensação de que mãos apertam nosso coração a tal ponto que parece quase insuportável. Mas a saudade nos faz lembrar de coisas boas que vivemos. De pessoas especiais que simplesmente não puderam ficar em nossas vidas por escolha delas ou nossa.
Às vezes para seguir em frente, você tem de escolher um caminho e este caminho forçosamente pode te separar de lugares, pessoas, amores, sentimentos… mas você precisa ir. É preciso ser muito covarde para escolher um caminho e abrir mão de sentimentos preciosos. Ou muito corajoso? Quem fica sofre, nos julga egoísta, frio e até duvida da sinceridade do que sentimos. Mas quem parte… sente saudades. Quem abre mão de sentimentos, de uma história, de uma vida, de um amor, quem parte sabendo que por mais que doa, precisa ir por ali, leva a saudade no peito. Uma saudade que entendi, não vai passar nunca. E por que deveria?
Quantas vezes eu lutei contra a saudade, achando que ela cegava meu caminho, me fazia tropeçar. Brigamos e então, percebendo que ela era teimosa e não iria embora, passei a compreendê-la. A saudade faz parte de mim. Me remete ao passado feliz, ao triste, me faz valorizar o hoje quando me leva a rever situações anteriores. Me faz lembrar de pessoas que eu simplesmente não posso esquecer, porque fazem parte da história da minha vida, do meu livro.
Do nosso livro podemos e devemos virar as páginas, mas não é possível arrancá-las. Por isso sentir saudades às vezes dói, maltrata, traz uma nostalgia. Uma música, um cheiro, um lugar, uma foto e pronto… viajamos tempo, na velocidade da luz e sentimos saudades.
Sentir saudades faz bem ao coração. Nos faz vivos, vividos, sentindo que cada segundo que se passou em nossa vida ficou marcado e registrado em algum lugar no tempo… esse tempo que não volta mais…
E sentimos saudades. Porque vivemos!
Enviado por Luciana Marques
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