Porque você é minha casa

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Você chegou pulando a janela porque sabia que eu já havia trancado a porta e escondido a chave debaixo de algum tapete que não era meu. Só que a minha vida estava tão vazia e, ao mesmo tempo, tão cheia de buracos, de pedras que daqui de cima pareciam tão pequenas, mas que pesam tanto dentro da gente e, principalmente, tão cheia de perguntas que eu achava que você não era capaz de responder.

Desculpe se não me dei ao trabalho de te ligar, comprar um cartão na papelaria, deixar um recado com a sua secretária – nem mesmo a eletrônica. Mas às vezes não dá pra traduzir em palavras o que a gente sente. Cada um fala a língua dos próprios sentimentos, mesmo que, muitas vezes, não a entenda de fato. Mesmo que, quase sempre, não a fale com palavras. Por vezes, com os olhos. Riso e choro também. Pra quem vem de fora, que não conhece a gente por dentro, fica difícil entender o que não se pode aprender na escola. Por isso, você não entenderia.

E, por isso, eu fui. Em busca de um novo cenário pra tantas histórias que eu queria viver. Em busca do lugar mais longe que eu conseguia pensar, pra só então perceber que, por mais que eu insistisse em dizer que não, era ao seu lado que eu tinha de ficar.

Eu saí querendo encontrar um lugar que me pertencesse, daqueles que quando a gente entra, sente que todo mal deste mundo ficou do lado de fora. O meu próprio esconderijo, onde eu pudesse ser quem eu quisesse, e não o que a maioria esperasse que eu fosse. Um lugar em que eu me arriscasse a fazer o que plantasse na cabeça, ainda que fizesse sentido, ou que fosse totalmente sem sentido, sem hora e também na hora errada.

E então eu me vi com um nó na garganta e jogando pelos ares o que estava agarrado à minha mão. Eu podia rodar o mundo, fazer um retiro espiritual na Índia, um mochilão pela Europa, cruzar Santiago de Compostela a pé, me mudar pra uma ilha no Pacífico ou pra uma tribo indígena, que sempre que você invadisse os meus pensamentos por volta e meia, tomasse as minhas forças e pegasse o meu coração pra guardar com você, eu viria correndo, nadando pelos sete mares e até voando sem precisar de um avião. Porque você é minha casa.

E mesmo que nessa casa os quadros não combinem, as personalidades gritem e o zodíaco inteiro declare guerra de duas a três vezes na semana; mesmo que as paredes cheguem a tremer, embora continuem firmes, e o chão rache pelo impacto de dois corpos em desequilíbrio, é nela que eu quero ficar, guardar minhas camisetas na gaveta, colocar minha escova de dente. Porque é nesse lençol que eu quero me enrolar todas as noites e é ele que a cada manhã vai me puxar pra mais perto de você.

Eu achava que nunca encontraria um lugar no mundo que eu pudesse chamar de meu, nem que pra isso eu precisasse procurar pelos quatro cantos dele. O que eu nem sequer imaginei é que esse lugar estivesse tão perto, bem ao lado esquerdo do seu peito.

A porta está aberta, e eu nem preciso bater. Você me diz pra tirar os sapatos pra não riscar o chão encerado, e eu entro. E, agora, eu fico. Porque hoje sei que enquanto eu passava tanto tempo te procurando, você já havia me encontrado.

Gustavo Meneses

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