Por que as pessoas que eu amo vão embora?

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Sempre me falaram que eu não levava jeito para ser mãe. Toda desastrada, desatenta e sem nenhuma aptidão materna. E, realmente, até certa idade nunca tinha pensado em tal feito e por isso, nesse período entre os 15 a 22 anos, não me lembro de nenhum instinto de proteção. Nem mesmo pelos meus cachorros. É triste, mas é sério.

Só que de repente, senti-me transformada e aquela tendência a cuidar das pessoas que eu amo passou a existir de forma exagerada dentro de mim. A ponto de eu sufocar quem eu amava. Era meio estranho, porém eu não sabia como lidar com tal transformação. E nem consigo lembrar como e quando tudo aconteceu. Mas lá estava eu, passando de indiferente a grudenta demais.

Ser oito ou oitenta sempre fez parte da minha vida. Ou eu amo demais, ou escuto o orgulho e ignoro a pessoa, a ponto de eu viver como se ela nunca tivesse existido. Mas, aprendi a lidar com isso e hoje posso dizer que não sou mais assim — pelo menos não nessas proporções, assim eu espero. Mas se tem uma coisa que eu ainda não aprendi a lidar é com a distância. Nossa, como essa tal “distância” me desorienta.

As pessoas que eu amo sempre acabam partindo. É incrível como isso é uma verdade. E, antes que elas decidam ir embora, sempre conversam comigo primeiro. Então, eu sempre acabo ficando com a missão de dar a minha opinião sobre o assunto. Opinião essa que pode, sim, fazê-los mudar de ideia. Nesse momento eu respiro fundo e penso duas vezes. Até porque a resposta já vem automática: “Você por acaso está louco? É lógico que acho toda essa história um absurdo, onde já se viu? Não vai para lugar nenhum que seja longe de mim”. Só que eu me contenho e não saio por ai fazendo a louca.

Como é difícil ser a pessoa que precisa incentivar, quando o que eu mais quero é desmotivar. E não é por que eu não acredito, mas é pelo medo de “perder” que me sinto tão insegura. É sobre não ter o abraço quentinho, o olhar sincero, as risadas inapropriadas, não saber da rotina e não poder correr pra perto quando me sentir perdida. E recentemente passei por mais uma despedida.

Contudo, não fui egoísta. Guardei meu medo dentro do bolso e o incentivei de forma tão forte, a ponto de fazê-lo perder o seu próprio medo. Porque, mais do que somente tê-lo perto de mim, eu só quero que ele fique bem. E sei que mesmo longe ele vai continuar sendo essa pessoa maravilhosa, com o coração leve e que sempre conduz pessoas a bons caminhos. E eu sou alguém que torce pela sua felicidade, seja perto ou longe. Seja comigo ou longe de mim. Porque a cada vitória sua, eu sorrio também.

Mesmo longe, saber que posso manter o vínculo e que ainda vou estar contigo, me conforta a alma. Porque importa, sabe? As suas conquistas também são importantes para mim. O meu cuidado é apoio. O meu elogio é incentivo.

E, quando as coisas derem errado para mim, só preciso te ligar e ouvir a sua voz. Eu sei que posso contar com você do outro lado e, assim, aliviar um pouco desse aperto em meu peito. A gente sempre foi assim: eu faço por você, você faz por mim e, desse modo, a gente nunca se esquece. A minha única preocupação agora é te ver sempre bem. Quero sempre o seu melhor sorriso e vários sonhos dentro do seu coração. Não poderia te prender, nunca pude. Você tem asas. Nasceu para grandes voos. E eu para apoiar você em tudo o que fizer. Em tudo o que escolher. Então vai, leva nossas lembranças na mente e o amor que eu tenho por você no coração. E se quiser voltar, sabe onde me encontrar. Estarei no mesmo lugar, com os braços estendidos para te abraçar.

Vanessa Pérola

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