O que existe entre o desejo e o amor?

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Sempre que vejo as pessoas falando sobre desejo e amor, equivocadamente, tem o vício de pensar que as duas coisas são comuns e, de certo modo, até parecem sinônimos. Não consigo ver como as duas ideias podem caminhar separadamente, mas para fins didáticos, precisamos entender suas sutilezas particulares.

Para começar, penso que o desejo, em seu patamar mais superficial, biológico e físico é um fenômeno que resulta da interação da química hormonal projetado sobre uma objeto real ou até mesmo imaginado. É a necessidade fisiológica.

O desejo está também na beleza constatada, é o charme inexplicável que enxergamos na presença do desejado. Esta paixão traduz todo pensamento na mente do enamorado, um fascínio que necessita da presença insubstituível do objeto amado. É emergencial. Sobra ansiedades, aparece o medo pela possível rejeição e a mente começa a se preparar para reagir em frente a uma possível frustração.

O próximo passo nos leva a imaginar-nos junto com o outro por longo período de tempo, a aspiração por ter a pessoa amada ao lado nos coloca a pensar no sonho conjugal. Quando o amor se concretiza em um relacionamento, todas as realidades nos levam a aceitar qualquer sacrifício em prol de um benefício recíproco. É nessa fase que conhecemos a capacidade de resistir ao lado do outro. As dificuldades, seja ela qual for, nos empurram para o outro ou nos afastam.

Ser noivo é sofrer de ansiedade constante. É inquietação e preocupação permanente. Toda a vida se reorganiza para um momento único. Todo o ano foca em um dia, mês e ano. Ao se tornar noivo, uma pessoa é obrigada a crescer, considerar responsabilidades e emancipar-se da sua percepção infantil de romances hollywoodianos. É deixar a Disney para trás e falar a linguagem complexa da paciência, do equilíbrio e da abnegação. Quando a ficha cai, não traz medo, mas tudo faz sentido.

Durante a intensidade do casamento, precisamos da fase de constatação de sentimentos, de atingimos o topo do amor vivido, somente quando nos vemos no impulso constante e inevitável de sacrificar-se pelo bem do outro, ter a capacidade contínua de perdoar as faltas e pecados cotidianos e proteger o amor sentido dos infortúnios por toda vida.

Cada etapa, ao mesmo tempo, abarca e supera a anterior e só quem trilha um caminho pode estar pronto para o seguinte e sabe exatamente o que era importante em cada época e que não era. Não existe amor sem desejo, mas desejo sem amor é palha.

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