O problema em querer te mudar

O problema em querer te mudar é o espelhamento que estou fazendo de mim mesma: eu não queria ter uma porção de defeitos, que você os tendo, quero mudar em você, mas também em mim. Só não me apodero desse desejo, ao menos, não conscientemente.

Prefiro te colocar na minha televisão mental, em high definition e som surround, com todos os seus percalços e jeito ruim de ser. Prefiro me iludir dizendo que você pode melhorar, pois, no meu interior, eu estaria me melhorando também.

Quero consertar o que está quebrado, mas o que é roto nem sempre está preparado para esse processo. É preciso, além de tudo, vontade. E, convenhamos, ela não pode ser só minha.

O que eu conversei com você, confidente, ao escuro de um céu nublado, em meio a dunas de sensações, eu queria poder salvar como em um áudio longo de Whatsapp — para ficar ouvindo continuamente à medida em que não te encontro.

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O problema em querer te mudar é que, assim, seria mais fácil eu me deixar apaixonar por você. Pois eu tenho um medo enorme de me deixar apegar a um peso, um problema, como já ocorreu tantas vezes.

Sim, isso já aconteceu. E eu só gostaria de entender melhor essa minha tendência a me afeiçoar a pessoas que, simplesmente, não têm mais nada a oferecer a não ser uma dezena de inseguranças e mais uma centena de situações-problema. Tenho cara de ENEM por acaso, meu caro cupido?

Hoje, eu te bloqueei. E desbloqueei. Amanhã, bloqueio e desbloqueio de novo. Depois de amanhã, eu me desespero por não ver mais uma mensagem perguntando se quero assistir mais um novo episódio daquele seriado do Netflix ao qual a gente nunca consegue assistir mesmo.

Fico pensando se foi por minha objetividade em dizer o que sinto. Porque eu cansei de deixar tudo no ar, então, fui lá e ventilei tudo pra você.

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Que infelicidade a de só conseguir ser feliz sendo infeliz. Que saudade que eu tenho das minhas mais sábias decisões da vida. Agora, só sinto um buraco, um espaço vazio, que tento preencher constantemente com uns plástico-bolha, que só vendo.

Odiei ser assim e odeio. Nesse sentido, amo e odeio quem também seja assim. Aponto covardias nos outros em quem também já me vi covarde. A gente só reconhece no outro o que já experimentou, no final das contas.

Olhei pra ele e vi mais do que uma experiência fugidia. Mas, certamente, era exatamente a isso que ele estava predisposto — apenas, sem prazo de validade. E eu precisava acabar com isso, pois não consigo lidar com coisas incertas na vida. Muito menos, pessoas.

S. Paiva

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