Me recuso a ser a mesma

espelho

Não consigo acreditar que janeiro já foi. Ontem — não necessariamente ontem, você me entende — era dezembro e eu tinha vários planos para o ano de 2016 e todos com um pontapé inicial no primeiro mês. Porém, hoje já é 1º de fevereiro. Que lástima!

Só me restam onze meses e digo “só” porque me conheço. Sou mestre na arte da passividade. Procrastinar então, nem te conto.

Respirei fundo, olhei no espelho e disse: “Vai dar tudo certo. Calma, relaxa, você vai mudar. Você prometeu e dessa vez tem que ser diferente.”. E tem mesmo que ser diferente. Já estou nesse desamino há décadas.

Todos os dias, ao acordar, nunca tenho o que fazer. Então eu fico naquela rotina totalmente cansável. Acorda, come, assiste, come de novo, assiste, dorme, acorda, come e se deixar eu permaneço nisso eternamente. Tudo é muito automático e não precisa de muito esforço. De vez em quando deito no sofá e tenho uns diálogos comigo mesma. Como posso viver esperando sempre a próxima sexta, o próximo feriado, final do mês, a próxima virada do ano?

Poxa! Sou jovem, tenho que fazer algo para mudar, dar um jeito, tomar uma decisão acertada e sair dessa rotina desnecessária que só acaba comigo. Não dá para viver como se estivéssemos esperando somente o bonde da morte passar para pegarmos carona. Existem possibilidades infinitas para vivermos. Quem sabe contar minha história em um livro, gravar um vídeo contando experiências fracassadas, ir visitar parentes que moram longe, — aquela tia que está na foto do seu aniversário de um ano lhe segurando no colo e que você nunca mais viu, mas sua mãe insiste em dizer que ela é importante — ir a um orfanato e levar presentes. Melhor ainda, levar presença. Arrecadar roupas na vizinhança e fazer uma surpresa aquele abrigo que tem em nossa cidade. Ir a um asilo e ficar uma tarde escutando histórias das pessoas que estão ali, muita das vezes, abandonadas.

Sei bem que não é de uma hora para outra que tudo isso vai acontecer, mas também sei que ficar esperando a vontade aparecer é uma cilada. Ela nunca aparece. Preciso dar o primeiro passo e buscar lá do fundo aquela coragem de querer viver tudo o que a vida pode me proporcionar. Existem histórias magníficas esperando para serem vividas por mim. O dia já está lá fora gritando e ele não espera.

Enquanto a contagem regressiva para o ano de 2016 findava eu fechei os olhos e orava muito. Não queria passar esse novo ano ansiando pelo seu fim. Mesmo com os anos acelerados do jeito que estão, quero ter a calma de saber aproveitar cada instante. E é por isso que eu me recuso a ser a mesma.

Vou me levantar, respirar fundo e tentar de novo, e de novo, e de novo. Porque viver todos os anos de forma igual não tem mais graça. Não dá pra ficar reclamando que é só tapa na cara. Tem que ter algo a mais, sempre tem!

A partir de agora é mudança e essa garota que vocês acabaram de conhecer não vai existir mais. E vou começar mudando minha playlist, ouvir umas músicas mais animadas e assistir novos filmes, chega de romance.

E tem mais. Vou descobrir o que eu, ou melhor, a minha nova versão, precisa fazer pra chegar mais perto dos meus sonhos, das minhas realizações e o que eu preciso para ser mais feliz. Eu convido você. E ai, será que topa vim comigo?

Vanessa Pérola

Compartilhe:
Rolar para cima