A gente se acostuma, mas não devia!

É incrível como a gente se acostuma com coisas desnecessárias a nossa vida. Acostumamo-nos a olhar o mundo de forma errada e de um ponto de vista limitado. Olhamos através da nossa janela e não nos permitimos tirar a cortina, abrir a porta e enxergar além. Como não enxergamos além, não vemos a luz. Não se vê o sol, não se sente o ar, não se deixa encantar pelo brilho das estrelas.

Acostumamo-nos a ir dormir tarde e acordar em cima da hora. A não tomar café e comer besteira na rua. A não tirar horário de almoço e sair mais tarde do trabalho. A cochilar na aula e não prestar atenção no conteúdo que foi ensinado. A ler notícia triste no jornal acreditando que o mundo é mal assim mesmo e, por isso não vai mudar.

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A gente se acostuma a ter pressa e se encher de tarefa. Mas também se acostumar a procrastinar e deixar tudo para depois. Acostuma-se com pessoas que se doam de menos, enquanto a gente se esforça para se doar demais. Acostumamo-nos a falar muito e a não ouvir ninguém.

Acostumamos a receber o amor que achamos merecer e não, o que de fato merecemos. Aceitamos os atrasos, as desculpas, a indiferença e a falta de reciprocidade. Permitimo-nos colocar alma demais em pessoas vazias. Acostumamo-nos a sentir demais por algo que não vale a pena e a correr atrás, sempre que o outro já foi.

Aprendemos a obrigar quem não quer ficar e, a desabrigar quem fica. Apaixonamo-nos pela aparência e esquecemos que, o que permanece mesmo, é a essência. Aceitamos morar no desprezo, quando na verdade queríamos morar na mutualidade.

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A gente se acostuma a guardar ressentimento e a se encher de falta de perdão.  Acostuma-se com aquilo que fere o coração pelo medo de ficar sozinho. Aprende a se anular porque “é melhor ter paz, do que ter razão”. — Mesmo que essa paz seja cheia de conflitos internos. — E assim, seguimos acreditando que calar é sempre a melhor solução.

E a gente se acostuma para poupar a vida, para evitar a solidão. Por que antes, é melhor ser dois, do que viver triste sendo um. Mesmo que esse dois seja um em sua essência. A gente devia parar de se acostumar com aquilo que não é verdade, que não tem vida, que não tem cor. Com aquilo que não nos faz crescer e que nos trava o coração.

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Devíamos aprender a morar na reciprocidade e a vivermos de conexão. Conexão de alma, de pensamento, de vida. Mas, se acostumar é mais fácil. E nesse processo a gente acaba se perdendo. Esquece a sensação boa de amar, se permitir e viver.

E quando chega o fim, o que a gente faz? Se acostuma, mas não devia.

Vanessa Pérola

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