Eu quero me aquietar, entende?

Sim, meu bem, eu meti os pés pelas mãos. Admito, não sou lá a rainha da paciência, benevolência e seja lá o termo usado para definir as pessoas merecedoras de coisas boas. Sou bem humana, e confesso utilizar essa humanidade para cometer alguns delitos amorosos, conscientemente. Faço isso de segunda a segunda, seja em carne ou pensamento. Essa introdução já desmerece qualquer declaração de amor que venha a seguir, mas tu sabes o quão adepta sou da sinceridade. Jamais vou me apresentar com máscaras diante de ti.

Eu quero me aquietar, entende? Pertencer a alguém, mesmo sabendo que sou suficientemente feliz e completa sozinha. Talvez esteja aí a magica de uma relação proporcional: Saber  que não se trata de necessidade, mas sim de escolha. Pertencer e permanecer, enquanto a porta continua aberta e a liberdade não lhe é privada. E advinha? Fiz uma breve seleção mental, e fostes o classificado. O único possível novo amor da minha vida.

Tenho fugido disso a meses. Enganado meus olhos, meu coração, meus sonhos. No entanto, exatamente esses sonhos, que por vezes tão impossíveis parecem em uma noite de sexta e tão palpáveis e reais na manhã de segunda, me fazem crer que mesmo com minha intransigência de burlar destinos, nossos caminhos hão de se encontrar. Pode não ser manhã, pode ser em dez minutos, pode ser só por 4 dias ou 40 anos, mas vão se encontrar, e eu, teimosa, não quero ter barreira alguma para abraçar esse encontro.

Já posso começar a pedir desculpas?  Por nada que tenha feito até o momento, não se engane. Enquanto não chegas nenhum erro é passível de culpa. Porém, já quero me adiantar pelas tolices que sei que vou cometer quando chegares. Não serão poucas. Nem sempre terão um nobre motivo. Nem sempre haverá confissão da minha parte, mas prometo trabalhar isso em mim. Isso e todo o pacote infindável de defeitos que carrego. Trabalhar, minimizar, controlar. Vou fazer minha parte. Prometo que vou.
Porque o que me envolve não é só essa vontade de sossegar, mas a certeza inquestionável de que, por ti, uma boa lapidação vai valer a pena.

Quando estiveres a caminho, não deixe de avisar. Deus me livre te receber com a casa bagunçada ou, pior ainda, com a vida ocupada.

Deborah Anttuart

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