Era medo de te perder

Você nunca entendeu meus medos. Você achava engraçado, caçoava de mim até eu ficar vermelha de raiva com os braços cruzados na frente do peito. Você morria de rir mesmo, dava aquelas gargalhadas altas que faziam meu mundo inteiro tremer. Daquelas que fazem a barriga doer e as ruguinhas ao lado dos olhos aparecerem.

  Você nunca entendeu ou fui eu, que nunca me fiz entender? Eu só sentia aquele aperto no fundo do meu ser toda vez que você ia embora, mesmo que fosse voltar em dois minutos. Aquela saudade que existe antes mesmo da saudade existir. Eu nunca soube te explicar, porque você achava que era bobeirinha. Você me beijava o topo da cabeça e me passava toda a segurança que você conseguia transmitir.

Mas hoje eu sei que eu só morria de medo todas as vezes em que você saía do meu campo de visão. Era isso. Morria de medo de você sair correndo, e de repente, sumir. Desse jeito mesmo, sem direção, sem explicação, sem pé e nem cabeça, mas levar meu coração.

É que sempre fez sentido pra mim que um dia você fosse simplesmente desaparecer e ninguém fosse se lembrar de quem você era, apenas eu. Fossem me chamar de louca por ter sequer imaginado a sua existência. Dizem que os milagres simplesmente somem deste jeito e você sabe, meu milagre sempre foi você.

Portanto, eu morria de medo, me corroía de medo, me enrolava de medo pra te deixar ir embora. Sempre foi por este motivo sublime que eu segurava sua mão durante alguns segundos a mais, protelando a sua partida. Não era birra. Era medo de te perder!

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