A crise dos 20 e poucos anos

Sempre achei que estava imune a essa crise. Achei que ia conseguir escapar dela igual escapei do surto de caxumba que teve na faculdade. Achei que era invencível. Engano meu. A vida se encarregou de me mostrar que comigo não seria diferente. Veio como um soco, foi forte.

Sair da casa dos meus pais com 17 anos pra ir estudar e morar na capital paranaense tinha nome: liberdade. Meus horários, minhas regras.

Naquela época eu imaginava que com a idade que tenho hoje, eu já estaria formada, trabalhando, com um apartamento próprio.

E cá estou eu, ainda dependendo financeiramente dos meus pais e prestes a terminar a graduação. Isso sim foi o ponto crucial pra essa crise, estou vendo minha vida universitária chegando ao fim e com isso chega as incertezas e medo. Medo do novo. Pra onde irei? Será que vou conseguir um trabalho?

No outro lado vejo meus amigos casando, tendo filhos, alguns até se divorciando. Isso me assusta. A multidão me incomoda. Meu circulo de amigos esta cada vez menor.

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Hoje sei que nem todo mundo é tão bonzinho assim e que aqueles amigos que eu jurava serem os melhores não são. Sair aos finais de semana me deixa esgotada, prefiro comer uma pipoca e assistir Netflix.

Talvez morar sozinha muita nova, me fez amadurecer mais rápido. Criei obrigações e responsabilidades de adulto, mesmo ainda sendo uma adolescente. Vivi muita coisa em um curto espaço de tempo, conheci muitas pessoas, morei em cidades diferentes, aprendi, apeguei, desapeguei, chorei, sorri, me decepcionei, criei laços, desfiz laços.

Hoje beirando os 24 aquela sensação de liberdade ao chegar e ter o apartamento vazio não existe mais. A liberdade foi substituída pelo desamparo, pela ausência, pela saudade.

Mas a gente tem que ter pulso firme e ser forte. As vezes da vontade de arrumar as coisas e ir correndo pra casa dos meus pais e pedir colo. Mas não posso, já sou madura demais pra isso.

Preciso lidar como gente grande e gente grande aguenta o tranco. As vezes da vontade de voltar no tempo, reviver a infância. Mas ai eu lembro que nossa vida é feita de fases. Um ciclo se encerra outro se inicia.

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A quem diga que 24 anos ainda é cedo. Pode até ser. Ainda da tempo de insistir mais um pouco. Mas aquela disposição que eu tinha lá com os meus 17 anos não existe mais, mas certamente ela é maior da qual terei com 40. Ou Pode ser tarde, afinal criei algumas raízes que me fazem ficar.

Hoje eu rio com mais vontade, choro com menos lágrimas e mais dor. Me preocupo com o futuro e tento me distanciar do apego ao passado.

A única opção que tenho é a de continuar. Por isso eu digo, aproveite o máximo que você puder, viva intensamente o agora, afinal nosso passado é constituído pelo nosso presente.

O tempo passa rápido demais. Parece que foi ontem que eu tinha 17 e amanhã terei 30, assim tão depressa.

Mayara Cavalcante

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