Até hoje espero aquela tua resposta.

Um dia desses estava pensando em nós dois e em como tudo acabou sem termos a simples oportunidade de dizer as circunstâncias o que de fato queríamos.

Lembrei-me daquele dia em que fomos ao parque e dividimos aquele sorvete que você escolheu. Mesmo você sabendo que eu não curto sorvete, insistiu que eu provasse para que tu te sentisses naqueles filmes de Hollywood (confesso que até gostei). Lembro-me de como eu morri de medo quando você foi naquele brinquedo perigoso e ainda me arrastou para ir com você (eu juro que achava que ali iria acabar todo nosso conto de fadas). De como a gente correu como criança, e ao entardecer deitamos na grama, juntinhos, esperando as estrelas começarem a surgir.

Aquela nossa viagem à praia também não poderia faltar, não é mesmo? De como a gente foi louco de montar na moto e sair sem rumo, e do nada, acabarmos por passar o fim de semana em uma praia louca que nem sabíamos que existia. Obviamente também me lembrei de nós termos perdido a segunda-feira de trabalho porque acabamos nos confundindo no caminho, atrasando assim nossa chegada. Nossos chefes deram a maior bronca, e por sorte não perdemos o emprego. Depois, é claro, debochadamente, rimos de tudo.

Lembrei-me dos shows que fomos juntos; dos cinemas; das viagens (todas elas. Até em cidades vizinhas); das brincadeirinhas durante o dia; das suas mensagens e declarações; das tuas cartas de amor.

Bom, e também veio a mente aquele dia nublado em que você entrou pela minha porta, sem mais nem menos, e disse que iria partir. Disse que iria viver uma vida em que eu não cabia. Você iria para o exterior, tentar um futuro para sua carreira de tatuador. Sabe, nada contra. Mas custava me avisar com antecedência? Assim eu poderia dissolver a tristeza pelos dias que fossem correndo.

Passaram-se anos, e eu em todos eles desejei que você fosse muito infeliz por lá. Afinal, você me conhece e sabe o quanto sou “marrenta” e antipática quando alguém discorda de mim.

Mas no mesmo dia das lembranças, consegui perceber minha burrice. Corri, digitei para ti uma mensagem de desculpas, disse tudo que queria; propus-te um café e uma conversa longa para resolvermos tudo. Para enfim chegar a um acordo e seguir a nossa vida – como amigos.

Por dias esperei tua resposta, mas nada. Aquele azul que comprovava que tu tinhas lido todas minhas palavras, fez-me lembrar daquele céu que lá no parque, deitados na grama, olhamos juntos. E do medo que senti de todo nosso amor se acabar quando estávamos na montanha-russa gigante. E percebi que inevitavelmente ele acabaria. Não seria ali naquele parque e nem por causa daquele brinquedo, mas ele acabaria porque em você já não existia mais nada de mim, muito menos de nós dois.

Emanuelly Viegas

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