Amor adiado é amor perdido

Em se tratando de amor, há uma coisa que, por mais estranho que pareça, é muito mais importante e faz muito mais diferença que o próprio amor: o timing.

Se o amor é o fogo que acende e queima tudo, o timing é a água que não só apaga o que vier pelo caminho como também permeia e se infiltra em tudo, pelas paredes, pelo chão, e quando tudo dá errado, você percebe uma gotinha caindo em cima da sua mesa de centro. Aí você descobre que a água estragou tudo.

Você pode ter química, se apaixonar, ter afinidade, os dois podem até preferir o George que o John, como qualquer ser humano minimamente inteligente, mas se o tempo não permitir, vocês não passarão de um incômodo, “se” na vida um do outro. Uma mera dúvida quando te perguntarem quantos namorados ou namoradas você já teve e você parar e pensar “conto ela ou não conto?”.

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Não conta. Porque o timing não deixou. Poderia até ter contado, se a ex dele não tivesse reaparecido das trevas justo no momento em que vocês estavam se envolvendo. Ou se você não estivesse querendo curtir a solteirice quando ele se apaixonou por você. Ou se ele não tivesse se mudado para Iguaba justo no dia seguinte em que você se declarou pra ele. Ou, ou, ou.

Não adianta reclamar. Um amigo cujo nome vai ser protegido porque eu acabei de inventá-lo me confidenciou que ele tem uma lista, no computador, de pessoas com quem ele não teve nada mais sério por falta de timing. E quando em vez ele checa pra ver se o timing bate. Mas não adianta, o timing é indomável. Ele é mestre de si mesmo, ninguém o controla.

Quem poderia adivinhar que você acabaria namorando aquele cara lindo que te pediu informação na porta do seu prédio, e você o levou até a papelaria e trocaram telefone? Quem iria prever que, justo naquele dia em que você não queria sair de casa, você conheceu o homem da sua vida? Quem haveria de imaginar que, cinco anos depois, você e o, digamos, Gato, iriam se encontrar cinco anos e dezessete namoros depois (dez seus e sete dela), e iriam, enfim, se acertar? Ninguém diria. Só o timing diria.

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E o que podemos fazer a respeito? Tentar não perder o timing quando ele aparece. Tentar botar pra fora o que sentimos, não deixar a oportunidade passar e, principalmente, parar de pensar que “o que tiver que ser, será”, porque o que tiver que ser, não será. Amor adiado é amor perdido. Perder a oportunidade de se envolver com alguém pensando em fazer isso depois é como não pular em um barco e depois tentar nadar atrás dele.

De um baco à vela. À favor da correnteza. Com pesos nos pés. E com as mãos amarradas. E com o Torben Grael no barco. Ou seja, não percamos o timing. Porque se o perdermos, só nos restará esperar a sua boa vontade de reaparecer.

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